Nenúfares

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Monet

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O camafeu

Há dias estava obcecada por um camafeu que havia desaparecido. Era uma relíquia de família, tão antiga quanto seus ancestrais. Com quem estaria a peça delicada que virou ideia-fixa? Recordava cada minúcia da joia. Esculpida em ágata, uma figura delicada de mulher em alto relevo brilhava sobre estrutura oval, com as bordas rendadas em ouro.
Morreu a vizinha, velha amiga da família. Ela não gostava de chegar perto de caixões, mas resolveu prestar sua homenagem, com os olhos quase fechados. Ao se defrontar com a morta...Mas que quartzo! No pescoço desbotado de Dona Constância, faiscou o camafeu que a atormentava. Aproximou-se, a contragosto, para lhe beijar a testa e surrupiou a joia da falecida. Nunca teve coragem de usá-la, embora fosse sua por direito. Parecia-lhe que cheirava à morte. Ficou para sempre escondida no fundo falso na gaveta.

Teresa Magalhães

6 comentários:

  1. Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão?

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  2. Nem, velha que rouba morta tem dois dias pra virar defunta. Que safada...

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  3. Velha mal caráter!

    Não tem que ter, Vera. ^^

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  4. Nícolas, ela apenas resgatou o camafeu perdido.Não se sabe se roubado. O narrador não explicita.


    ;-)

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  5. Acredito que não falei. Mas já li e reli 'O camafeu' e toda vez que chego ao fim da leitura, imagino que poderia ter um monte de palavras a mais.
    Uma hora qualquer, dê continuidade ao texto. Talento para desenvolvê-lo com o mesmo ritmo, você tem de sobra.

    ;-)

    Beijo.

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  6. Veroka,

    É um texto mutante.Risos..Mas a ideia é escrever pouco, condensado.

    ;-)

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